# Entrevista: Rafael Ferreira um jovem que trabalha no deserto do Kuwait...

13 abril 2015

Na entrevista de hoje temos Rafael Ferreira,  25 anos , Português, supervisor de instrumentação, vive e trabalha no Kuwait.  Rafael conta-nos com exclusividade como é viver e trabalhar num país do emirado árabe soberano, situado no nordeste da península Arábica na Ásia Ocidental. Faz fronteira com a Arábia Saudita ao sul e ao norte com o Iraque. Um jovem destemido e com vontade de vencer...


*Rafael quando surgiu a ideia de ir trabalhar no Kuwait ? E como foi feito o processo de seleção?
>Vi uma oferta de emprego no jornal de notícias online português em que falavam que queriam cerca de 30 jovens para ingressarem na empresa italiana Saipem com contrato de 1 ano para trabalhar em projetos no mundo inteiro. Concorri... mandei o cv.  e fui selecionado em 300 e tal candidaturas. Depois fiz uma entrevista por internet e a seguir fui até Milão numa visita relâmpago, fui de manhã e regressei a noite a Lisboa, a mais uma entrevista e depois mais tarde comecei uma formação de 1 mês em Milão na sede da empresa. Para depois irmos para os projetos espalhados pelo o mundo e o que escolheram para mim foi o Kuwait e eu aceitei.

*Conte-nos como é trabalhar no deserto com temperaturas bem elevadas?
>É duro trabalhar no deserto, no verão estamos expostos a temperaturas superiores a 50 graus. E no inverno temperaturas por vezes abaixo de zero. É de extremos. Para não falar nas tempestades de areia quando são muito fortes tem que se parar todos os trabalhos. Porque é impossível se trabalhar com essas condições.

*Eu sei que no Kuwait não têm bebidas alcoólicas, o que você faz quando bate uma vontade de tomar uma cervejinha gelada no dia de folga?
>É verdade que não se encontra à venda o álcool. E é muito caro...  tem muita gente que faz em casa!
O Kuwait não tem bebidas alcoólicas à venda nas lojas, mas consegue se arranjar tudo o que se quiser no mercado negro. Mas se a pessoa for apanhada alcoolizada dá direito a pena de morte. O mesmo com drogas, assédio e homossexualidade.

*Como é viver num país com costumes tão diferentes dos europeus e ao mesmo tempo com uma enorme diversidade multicultural?
>Custa um pouco a adaptação e se a pessoa vier sozinha ainda pior. Tem que se ter cuidado com o que se faz ou com o que se diz na rua, por ser um país árabe tem muitas restrições que não estamos habituados. Mas é como tudo, é uma questão de hábito. E se formos ver os países do golfo o Kuwait é talvez dos melhores para viver, apesar de se ter muitas restrições pode se fazer muita coisa.

*No seu dia a dia como prepara  suas alimentações?
>Tenho que preparar as minhas refeições logo quando chego a casa, preparar o jantar e o almoço para o dia seguinte para levar para o trabalho. É muito cansativo depois do trabalho, 13h fora de casa todos os dias e ter que cozinhar não é fácil mas tem que ser. Podia optar por comprar comida fora mas prefiro cozinhar a minha comida e comer comida saudável.

*Quando bate as saudades de casa ? É difícil para ti  ou consegue encarar bem a situação?
>Quando bate a saudade é difícil.. E ainda para mais nas datas especiais e festivas, Natal, Páscoa, fim de ano e aniversários das pessoas que mais gostas e do teu aniversário. Porque normalmente nessas datas estava sempre rodeado da família, somos muitos e somos uma família muito unida, sempre 15 a 20 pessoas em jantares e almoçaradas e depois estar sozinho de um momento para o outro é muito duro. Porque são datas que deviam ser passadas sempre com a família. E para mim essas datas aqui não existem, Natal, Páscoa .. Não estou com eles, é difícil mas acaba por ser mais um dia de trabalho.

*Os seus familiares aceitaram bem a sua decisão de ir trabalhar no Kuwait? E quais são as preocupações dos seus pais?
>Ao início não acharam piada nenhuma, mas depois aceitaram e apoiaram me a 100%. Custa sempre ver um filho partir de casa ainda mais para bem longe e num país árabe. Com os países vizinhos em guerra... E antes de vir era só o que mostravam nas notícias... É complicado.

*Como é vivênciar a altura do Ramadão? Eu sei que as regras são para todos independente de ser muçulmano ou não??
>Eu ainda não passei o ramadão cá, vai ser a primeira vez agora este verão.. Mas não se pode beber, comer ou fumar na rua. E com as temperaturas extremas de mais de 50 graus na rua torna se impossível estar exterior... 

*Qual conselho você daria para os jovens que têm vontade de imigrar?
>O conselho que dou aos jovens é que se tiverem uma boa oportunidade não pensem duas vezes e arrisquem, de certeza que vão ficar satisfeitos. Eu posso dizer que foi a melhor coisa que fiz, esta mudança na minha vida. Se não tivesse vindo nunca saberia e ia me arrepender.


*Quais são os seus planos para futuro, pretende passar quanto tempo no Kuwait?
>Enquanto o projeto estiver a decorrer tenho que continuar por cá, depois não sei para onde me enviarão, depende onde a empresa tiver projetos.


*Defina o Kuwait em 3 palavras?
>Kuwait em 3 palavras, é simplesmente um mundo à parte.

Rafael muito obrigada por partilhar com os meus leitores a tua experiência de vida. Desejo-te muito sucesso e felicidades. 

















Créditos das fotos: Rafael Ferreira

Francini Soares


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